sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Continuação: A história de São Gonçalo do Amarante

Alguns dias depois, tendo passado quarenta dias em completo jejum, a pão e água, de Nossa Senhora recebeu o aviso, ser a vontade de Deus, ele tomar o hábito de São Domingos. – Dirigiu-se ao convento dominicano de Guimarães, pediu admissão e foi aceito. Passado o tempo de noviciado, emitiu os santos votos. Junto com outro companheiro foi destacado para fazer pregação no oratório que levantara em Amarante. Passava ali o rio Tâmega, cuja travessia punha em perigo a vida de muita gente. Compadecido da triste situação de tantos viajantes, Gonçalo determinou fazer uma ponte naquele lugar e querendo dar-lhe princípio, lhe apareceu um anjo que indicou dois montes, entre os quais a construção se devia fazer. Pôs mãos à obra, confiando no auxílio também dos moradores daquela região. Estes não se negaram, mas muito se admiraram de ver o virtuoso frade, ao lado dos operários se entregar aos rudes trabalhos. Pedras de grande volume, tão pesadas, que muitos juntos não conseguiam mover, ele as levava, sozinho dando assim prova de uma assistência que lhe vinha de cima. Dois fatos extraordinários, por todos qualificados milagres, marcaram a intervenção do Santo naquela obra gigantesca que foi a construção da ponte. Quando lhe faltava mantimento para os operários, se punha em oração à borda do rio, pedindo a Deus socorro, e fazendo sobre a água o sinal da cruz, apareciam em grande chusma peixes de todo o tamanho, e facilmente se deixavam pegar.

E certa ocasião faltaram vinho e água, deficiência esta que seriamente vinha a comprometer a continuação das obras. O servo de Deus nesta sua aflição subiu ao monte situado junto do oratório, prostrou-se por terra e pediu a Deus o socorresse naquela necessidade. Acabada a oração, com o bordão tocou o rochedo, invocou o nome de Jesus e imediatamente saiu vinho e abundância. Uma pedrinha que punha no orifício da fonte vinhateira, fazia às vezes de uma torneira, a abrir e fechar. Uma segunda pancada deu na parte contrária do penedo, invocando outra vez o nome de Jesus, e saiu água tão clara, mais clara que a do rio.

O milagre dos peixes se repetiu muitas vezes. As obras da ponte foram levadas ao fim. A fonte do vinho secou, não porém a da água; que está aberta até ao presente, e, bebendo dela, muitos enfermos recebem a saúde.

Outro fato que os biógrafos de São Gonçalo relatam, e que muito impressionou os que o presenciaram, foi, de com uma sentença condenatória ter mudado pães alvos em massas pretas, e estas, com aspersão de água benta, feito retomar sua forma primitiva de pães, milagre este com que em grande sermão público fez emudecer a linguagem blasfemadora de mofador da divina justiça.

São Gonçalo morreu em 10 de janeiro, de ano incerto, presumindo-se que fosse em 1259, no seu humilde leito de palha de eremitério, confortado pelo seu companheiro de hábito e em meio de visões celestes.

Com muitos milagres Deus glorificou o túmulo do seu fiel servo, sendo ele até hoje muito venerado pelo povo católico. No lugar onde foi sepultado, mais tarde se fez erguer um mosteiro dominicano. O Papa Júlio III em 16 de setembro de 1561 aprovou o culto do bem-aventurado para todo o Portugal. Os Papas Urbano VIII (em 1629), Clemente X (1672) confirmaram a aprovação para toda a Ordem de São Domingos. Clemente XI marcou-lhe a festa para 28 de janeiro.

Fonte: http://www.paginaoriente.com/santosdaigreja/jan/goncalo2801.htm

Nenhum comentário: